Lista de receios comuns entre os alunos é liderada pelo medo de perder a conexão com os professores de “carne e osso”
Tempos depois da chegada das primeiras inteligências artificiais em solos nacionais, ao que tudo indica, um certo desconforto permanece comum entre os brasileiros — sobretudo aqueles que utilizam tais tecnologias para fins educativos: o medo de ter, em algum momento, os próprios dados violados.
A constatação é do novo estudo da Preply, plataforma que, nas últimas semanas, ouviu estudantes de seis países (entre eles, o Brasil) e descobriu que, por aqui, parte de quem estuda via tais ferramentas (15%) teme que elas prejudiquem o controle de suas informações pessoais, comprometendo a própria privacidade.
Isso porque, para compreender como pessoas de contextos distintos têm lidado com a IA na educação, a especialista em idiomas pediu que milhares de entrevistados compartilhassem suas experiências e percepções sobre o uso de plataformas do tipo para fins educativos, das vantagens aos receios comuns entre quem já as experimentou dentro e fora da sala de aula. Apesar da preocupação, a maioria dos brasileiros crê que o futuro da educação será um mix harmonioso entre tecnologia e interações humanas.
Inteligência artificial na educação: os receios mais comuns dos brasileiros
Quando o assunto é o uso da IA para fins de aprendizagem, 16% dos estudantes ouvidos pela Preply compartilharam temer que a aposta em tais tecnologias para estudar não ofereça a mesma a conexão que têm com seus professores, percentual similar ao daqueles que atrelam a IA à perda da motivação que só um tutor “de carne e osso”, em tese, poderia oferecer (10%).
De toda maneira, como demonstraram os respondentes, nem toda preocupação está ligada à necessidade do aspecto humano, mas à segurança dos próprios dados — algo que, em um contexto de violações constantes à privacidade dos usuários, foi enfatizado por 15% dos estudantes, que revelaram falta de confiança em compartilhar informações privadas com sistemas de IA.
Apesar de inquietações como essas, cabe dizer, ninguém parece negar que a adoção de ferramentas do tipo permanece trazendo ganhos consideráveis para quem pretende otimizar o próprio estudo.
Na opinião de 5 em cada 10 brasileiros, para se ter uma ideia, contar com a IA em meio a dúvidas de aprendizagem ainda é uma alternativa muito mais acessível, além de ajustável às mais diversas necessidades. Já para outros, são duas as grandes vantagens do estudo via plataformas: tanto a possibilidade de se aprender mais rápido (42%) quanto a de receber feedbacks imediatos a cada novo módulo (37%), o que facilitaria a identificação de dificuldades e pontos de melhoria.
Brasil é o país que mais valoriza interações humanas na educação
Entre receios e vantagens, se existe algo que o estudo da Preply descobriu é como, de forma geral, poucos brasileiros parecem dispostos a experimentar modalidades educativas que dispensem a presença de professores “de verdade”.
Quando solicitados a avaliarem o papel da orientação e interação humanas, as respostas dos entrevistados foram quase unanimidade — com mais de 83% deles atribuindo importância máxima ao contato com profissionais de educação, bem como relacionando parte do sucesso do aprendizado à atuação dos professores (89%).
Não por acaso, ao longo do levantamento, 9 em cada 10 brasileiros disseram concordar que “todo mundo tem pelo menos um grande professor que mudou sua vida”.
Trata-se, nesse ponto, de números muito mais significativos que os encontrados pela plataforma em países como os Estados Unidos (69%), Itália (59%) e Espanha (76%), onde as porcentagens de estudantes que avaliam a interação com professores como “importante” ou “muito importante” não chegam a 80%.
Mas, afinal, que características fariam de alguém um bom professor de acordo com os respondentes? Aparentemente, ao menos três atributos essenciais: a dedicação e comprometimento com o sucesso dos alunos (29%), habilidades de simplificar assuntos complexos (25%) e, por fim, a primordial paixão pelo ensino (23%) — esse ingrediente que até as melhores inteligências artificiais jamais serão capazes de imitar.
Metodologia
Para compreender como alunos de diferentes países percebem o uso de inteligências artificiais na educação, recentemente, foi realizada uma pesquisa quantitativa com 2503 participantes de painéis online nos EUA (500), Alemanha (401), Espanha (400), Itália (402), Polônia (400) e Brasil (400), todos eles profissionais que estão aprendendo idiomas. Os respondentes, que atuam em áreas como negócios, gestão, TI e finanças, foram divididos por gênero (1.280 homens e 1.219 mulheres) e faixa etária (685 da geração Z, 952 da geração Y e 866 da geração X).
Sobre a Preply
A Preply é uma plataforma online de aprendizagem de idiomas que conecta professores a centenas de milhares de alunos em 180 países em todo o mundo. Atualmente, mais de 40.000 tutores ensinam mais de 50 idiomas, impulsionados por um algoritmo de aprendizado de máquina que recomenda os melhores professores para cada aluno. Fundada nos Estados Unidos, em 2012, por três ucranianos, Kirill Bigai, Serge Lukyanov e Dmytro Voloshyn, a Preply cresceu de uma equipe de três pessoas para uma empresa com mais de 600 funcionários de 62 nacionalidades diferentes, com escritórios em Barcelona, Nova York e Kiev.
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