Santa Ceia?

Apesar de durante muitos anos a Igreja nomear esta cerimônia de Santa Ceia, este não é um nome Bíblico, é somente mais um termo “igrejeiro” usado pela tradição e pelo costume da Igreja.

Quando falamos sobre ceia, conseguimos identificar cinco nomes Bíblicos para esse termo na Bíblia. Na verdade, temos quatro sinóticos que falam sobre a Ceia do Senhor. O primeiro é em Mateus, o segundo em Marcos, o terceiro em Lucas e o quarto está em 1 Coríntios no capítulo 11. O apóstolo João em seu evangelho, não fala a cerca da Ceia do Senhor, apenas relata sobre o momento em que eles comiam a Páscoa.

Temos cinco nomes Bíblicos para a Ceia do Senhor:

(1) Deipnon kyriakon, a Ceia do Senhor, nome derivado de 1 Coríntios 11.20 “De sorte que, quando vos ajuntais num lugar, não é para comer a ceia do Senhor”.

(2) Klasis tou artou, o partir do pão, expressão utilizada em Atos 2.42 “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações” / Atos 20:7 “E, no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles; e alargou a prática até à meia-noite”.

(3) Trapeza kyriou, a mesa do Senhor, nome que se acha em 1 Coríntios 10.21 “Não podeis beber o cálix do Senhor e o cálix dos demónios; não podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demónios”

(4) Eucharistia, ação de graças, e eulogia, bênção, termos derivados de 1 Coríntios 11:27 “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do Senhor, indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor”.

(5) Cálice Sagrado (Benção); I Coríntios 10:16 “Porventura o cálix de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é, porventura, a comunhão do corpo de Cristo?”. Em Mateus 26.26,27 E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo. E tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos”. Lemos que o Senhor tomou um pão e abençoou, e tomou um cálice e deu graças. Com toda a probabilidade, as duas palavras foram usadas uma pela outra e se referiam a uma bênção e a uma ação de graças combinadas. O cálice da ação de graças e da bênção é o cálice sagrado.

Esses são os cinco nomes Bíblicos dessa cerimônia que por muito tempo, foi mal interpretada na Bíblia por falta da compreensão do antigo testamento. Se lermos Levítico capítulo 1, 2 e 3, compreenderemos um pouco sobre as ofertas de redenção. E nós temos uma tridimenscionalidade quando falamos sobre ofertas de redenção.

Em Levítico 1, lemos sobre holocausto; em Levítico 2, fala sobre manjares e em Levítico 3, aprendemos sobre sacrifício.

Em Hebraico, holocausto é “olah”; manjares é “minchah” e sacrifício é “korban”. Portanto é necessário “olah”, “minchah” e “korban”, ou seja, holocaustos, manjares e sacrifício para ter uma oferta completa de redenção.

Só pode haver redenção, se houver a presença dessas três ofertas. Porém, essas mesmas ofertas são tripartidas em si mesmas.

O que é um holocausto? Uma oferta animal. E o que é o sacrifício? Também é uma oferta animal. Qual a diferença entre eles se podemos oferecer um cordeiro/novilho/touro/cabrito ou bode em ambas as cerimônias? A primeira diferença é que o holocausto só pode ser oferecido de um animal macho, pois é um ato único. No sacrifício, pode ser um animal macho ou fêmea, pois pode ser um ato único ou um ato contínuo.

Um ato único, seria no caso de um homem matar outro por algum motivo. Ele não é assassino e nem costuma reproduzir esse pecado. Mas ao ter cometido ele oferece um animal macho em holocausto, em um ato único para que aquele pecado aplaque a ira de Deus sobre ele e assim ele tenha esse erro cometido jogado no mar do esquecimento e nunca mais se lembrar dele.

No caso de um ato continuo por exemplo, podemos citar que naquela época as pessoas viviam em tendas, e supondo que um homem olhasse para a mulher do outro e a desejasse diariamente, ele poderia oferecer em sacrifício uma fêmea, visto que a fêmea reproduz e assim poderia fazer com que o perdão de Deus se reproduzisse diante desse pecado contínuo, até que ele conseguisse controlar-se, ou arrancasse este pensamento da mente dele. Essa era a crença dos judeus.

Outra diferença entre o holocausto e o sacrifício é o local onde é realizado. O holocausto precisa ser feito dentro do santuário. O tabernáculo também é tridimensional e tem três dimensões (átrio, lugar santo e o lugar santíssimo). Dentro do Átrio existe o Altar do Holocausto, um lugar onde não se pode oferecer animais cujo sangue foi derramado por pecados, somente podemos oferecer animais cujo sangue é derramado em holocausto.

Os animais que foram ofertados por pecados precisavam ter seus corpos queimados fora do santuário, em um altar chamado Altar do Sacrifício que fica fora do santuário, em uma montanha ou uma rocha que ficavam à saída Leste.

Diferente dos animais ofertados ao Altar do Holocausto que deveriam ser queimados dentro do Átrio. Observe isso, o senhor Jesus precisou morrer fora do santuário, porque Ele era uma oferta pelo pecado do povo.

Outra diferença é que não se pode oferecer o holocausto pelo pecado e sim por santificação. Mas um sacrifício pode ser ofertado por ação de graças, ou oferta de paz e também como expiação pelo pecado.

O holocausto sempre deve ter o seus pés lavados. Uma oferta de sacrifício pelo pecado não pode ter os pés lavados. Por isso o Senhor Jesus na noite da ceia, antes de cear, na páscoa, ele tomou uma bacia e uma toalha e lavou os pés dos discípulos, pois ele já sabia que eles iriam morrer, mas ele precisava mandar um recado para os judeus dizendo que nenhum deles morreria pelo pecado de outro homem.

Para que ficasse claro que somente Jesus era uma oferta por pecados ele lavou os pés dos discípulos. Todos eles morreram como holocaustos a Deus e não como sacrifício pelos seus pecados. Por isso também, quando Pedro tenta lavar os pés de Jesus, ele não permite (João 13: 6-10).

Como o cristianismo não existia como doutrina, as pessoas eram salvas por acreditarem que Jesus era, quem dizia que era.

Não foi difícil dizerem “Eu sou de Paulo, Eu sou de Cristo e outro Eu sou de Apolo” (1 Coríntios 3:4-7), isso também poderia acontecer quando houvesse o sacrifício pelo pecado, assim, quando Jesus lava os pés dos discípulos Ele faz deles holocaustos e de si mesmo um sacrifício pelo pecado.

A cerimônia da ceia tem base em tudo isso que compartilhamos aqui. Se pegarmos a segunda oferta de redenção, os manjares, são um memorial que anunciam que um cordeiro (ou animal) será sacrificado.

Um sacrifício será entregue, pois não pode se oferecer manjares onde houve holocausto. E não se pode oferecer sacrifícios onde não houve manjares. Uma oferta valida a outra. Só podemos oferecer manjares, depois que os holocaustos são oferecidos e só posso oferecer sacrifício após os manjares.

A oferta de manjares é um memorial que aponta para frente, para o futuro e não para algo relativo ao passado. Ela traz a memória, de que agora que ela foi entregue, um sacrifício será ofertado. Ela declara, profetiza e anuncia que um sacrifício será entregue.

Por isso que quando Paulo ensina os gentios ele diz que Jesus ensina “Ao partir o pão e beber do cálice, façam isso em memória de mim, até que eu venha!”
(1 Coríntios 11:26 e Lucas 22:19).

Quando Jesus ministrou a ceia, partiu o pão, e bebeu do cálice e disse “Façam isso em memória de mim até que eu venha” ele estava dizendo que aquela cerimônia eram manjares oferecidos ao Senhor. Só que os manjares, não são mais como os manjares oferecidos ao senhor na antiga aliança.

Jesus diz: E, tomando um pão, havendo dado graças, o partiu e o serviu aos discípulos, recomendando: “Isto é o meu corpo oferecido em favor de vós; fazei isto em memória de mim”. Da mesma maneira, depois de cear, pegou o cálice, explicando: “Este cálice significa a nova aliança no meu sangue, derramado em vosso benefício” (Lucas 22:19-20). Jesus estava dizendo: “Eu sou os manjares” assim como ele também foi o holocausto na fundação do mundo, como escrito em Apocalipse 13:8 “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”.

Na fundação do mundo, Jesus foi holocausto. Na ceia, ele foi manjares. E na cruz ele será um sacrifício. Todas essas ofertas são compostas de três partes.

A oferta animal é composta de oblação (parte sólida da oferta, está na carne), libação (parte líquida da oferta, o sangue) e a gordura (dá o cheiro suave ao ser queimada).

Os manjares por exemplo, advém de tudo o que compõe a terra, a oblação advém das farinhas de trigo e de grãos e cevada, a libação está no suco da uva e a gordura é advinda do azeite que produz o aroma suave.

É por isso que na ceia do Senhor precisamos ter: pão amassado com azeite e sem fermento e suco puro de uva, ou seja, oblação, libação e azeite.

A ceia, na verdade é a Páscoa sendo aperfeiçoada. A Páscoa é a ceia do antigo pacto ou da antiga aliança, e a Ceia do Senhor, o partir do pão, é a ceia do novo pacto ou da nova aliança.

Assim, você tem clareza, que essa cerimônia foi tirada das escrituras pelo Senhor Jesus, ele apenas inovou. Não houve criação, mas sim, inovação. Quando você inova, você encontra um novo caminho para o mesmo objetivo.

Como na velha aliança os homens haviam falhado, Jesus estabelece um novo e livre caminho onde não há falhas e nem a possibilidade desse caminho ser novamente fechado.


trecho do livro: A Bíblia que você não leu.


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